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05 ago 2023
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02 jul 2023
17 dez 2022
Publicado em: 26/02/2020 17:06:28
Convite
DESLOCAMENTOS LITERÁRIOS: CULTURA, TRADUÇÃO E MIGRAÇÃO
Profª. Drª. Andréa Moraes da Costa (UNIR)
Profª. Drª. Gracielle Marques (UNIR)
Profª. Drª. Válmi Hatje-Faggion (UnB)
RESUMO: Números divulgados pelo Department of Economic and Social Affairs (DESA, 2019), da Organização das Nações Unidas (ONU), referentes à migração mundial, validam a ideia de que cada vez mais estamos em contato com o outro. De acordo com o DESA, em 2019, o quantitativo de migrantes internacionais atingiu 272 milhões de pessoas. Comparado ao ano de 2010, esse número sofreu um aumento de 51 milhões de deslocamentos. E há uma relação intrínseca entre migração e tradução, que tem assumido espaços significativos nas teorias críticas contemporâneas. Loredana Polezzi (2012, p.345) menciona que a conexão entre tradução e migração “foi estabelecida por estudiosos de estudos de tradução, mas também, e cada vez mais, por especialistas em antropologia, sociologia, filosofia ou teoria literária”. Para ilustrar tal relação, podemos iniciar pela etimologia de ambas as palavras. Do latim, traductione e migratione, respectivamente, trazem em sua origem referências a deslocamentos. Enquanto migração se refere a movimentos espaciais humanos; tradução, por outro lado, atende a movimentos de palavras. Essa relação, que tem em seu cerne o movimento/deslocamento em diferentes culturas, passa a ficar mais estreita quando pensamos nas condições e consequências em que ocorrem tais deslocamentos, ou ainda quando as compreendemos enquanto “um conjunto de práticas da linguagem e uma condição existencial”, conforme as palavras de Loredana Polezzi (2014). Nos fluxos de homens e textos, nem sempre as condições são favoráveis e pacíficas. Com frequência, esses fluxos são marcados por barreiras concretas, por interdições, como é o caso das migrações de refugiados que adentram no Mediterrâneo devido a conflitos armados em suas nações. Esses migrantes, inevitavelmente, em paralelo ao seu próprio fluxo, carregam consigo o fluxo linguístico, e estarão, portanto, convivendo com a tradução e a interpretação por meio não só de suas necessidades de comunicação – condição existencial –, mas também sendo interpretados por outras culturas, traduzidos pelos seus outros, pois como atesta Gayatri Chakravorty Spivak (2005, p.58), “a tradução é, portanto, não somente necessária, mas inevitável”. Mary Louise Pratt (1992, p.6-7) aponta para possíveis coerções, “desigualdades radicais e conflitos irredutíveis”, advindos dos contatos decorrentes de viagens, os quais também envolvem diretamente processos tradutórios. Assim, observando conflitos políticos como os do Oriente e do Ocidente, crises políticas, econômicas e humanitárias que resultam em fluxos migratórios instigam várias questões, a exemplo: de que modo sanções políticas podem refletir nas dinâmicas que envolvem migração e tradução? O que se tem feito para apoiar a circulação de textos, por meio da tradução? Como tradutores reagem, por meio de sua atividade, a escritas híbridas produzidas por escritores migrantes? E, considerando os sujeitos escritores diaspóricos, que se afastam de suas culturas, mesclando-se a outras – que convergirão em novas identidades desses sujeitos –, o que tem se sobreposto no que diz respeito às dificuldades no cenário cultural durante o ato tradutório de seus textos? São importantes e frutíferas reflexões que rumam nessa direção, uma vez que literaturas migratórias surgidas dentro deste contexto refletem, em seus textos, conexões estabelecidas entre diversas e distintas identidades e, em muitos casos, consolidam ideais, visões locais ou globais de autores e suas culturas, o que pode permitir a compreensão de determinados comportamentos culturais. Com isto, propomos este Simpósio, dispensando atenção à importância de discussões que deem visibilidade para questões que unam cultura, tradução e migração/deslocamentos, bem como na perspectiva de ampliar nossa compreensão acerca das consequências que emergem a partir das zonas de contato, conforme definido por Mary Louise Pratt (1992), existentes entre as diferentes culturas por meio da tradução. Para tanto, acolheremos, neste Simpósio, pesquisas e trabalhos que contemplem estudos teóricos da tradução, adaptação, circulação, apropriação e sua prática no âmbito da literatura produzida e traduzida/adaptada correlacionados à migração, em diferentes épocas e contextos culturais. Nesse sentido, o Simpósio aceitará propostas que contemplem os seguintes tópicos, para citar alguns: O estudo da recepção de literaturas de migrantes nas culturas Orientais e/ ou Ocidentais; tradução (inter)cultural, multilinguagem, tempo, espaço adaptação/tradução de um gênero textual para outro (multimodal; audiovisual); competências e habilidades de tradutores migrantes no contexto cultural; a tradução, tradutor e zonas de contato; o perfil do tradutor, história do tradutor, relações sociais escritor migrante/tradutor e em sua face oposta; relações interdisciplinares propiciadas pelos Estudos da Tradução; ética e política tradutória; poder, ideologia, patronagem; (micro) história e crítica da tradução; fontes primárias e extratextuais (comentários, correspondências, entrevistas, blogs, vídeos, publicações (acadêmicas), arquivos literários/ pessoais, manuscritos; traduções de escritos de migrantes; paratextos editoriais e sua função..
Fonte: PPGMEL